Antigamente, correções, castigos e até mesmo palmadas faziam parte da educação dos pais com os filhos. Tania Sagury, em seu livro Limites Sem Trauma, nos lembra que as mudanças ocorridas ao longo do século XX, tanto nas relações humanas quanto na educação, transformaram também o modo como os pais passaram a se relacionar com seus filhos. No entanto, nem sempre todos os pais acertam na dose.
Uma relação baseada em limites claros é fundamental para que a criança cresça com a capacidade de compreender e enxergar o outro. Ou seja, ela tem de ser capaz de entender que pode fazer muitas coisas, mas nem tudo e nem sempre: não pode morder o amigo porque ele pegou seu brinquedo; não pode pichar o banheiro da escola porque não concorda com as regras; não pode beber e depois querer dirigir; não pode bater no outro porque foi “fechado” no trânsito; não pode atear fogo em alguém que dorme na praça só porque deu vontade. Tania Sagury é muito enfática quando nos lembra que o “não” só é vivenciado por quem aprendeu essa palavra quando criança.
Então, como dar limites e contribuir para que a criança cresça um cidadão consciente, justo, amável, solidário, compreensivo e feliz?
Veja algumas dicas da filósofa e mestre em Educação.
Dar limites não é...
- Bater para que eles se comportem;
- Fazer só o que os pais querem ou têm vontade;
- Ser autoritário (dar ordem sem explicar o porquê);
- Gritar para ser atendido;
- Provocar traumas emocionais;
- Invadir a privacidade, que é um direito do ser humano.
Dar limites é...
- Ensinar que o direito de um termina quando começa o direito do outro;
- Dizer “sim” quando possível e “não” quando necessário;
- Só dizer “não” quando tiver uma razão concreta;
- Ensinar a ser tolerante com pequenas situações do dia a dia;
- Ajudar a desenvolver a capacidade de adiar a satisfação;
- Dar o exemplo.
Como disciplinar
- Utilize o esquema de prêmio e consequência (premiar não é obrigatoriamente dar coisas materiais);
- Faça com que a criança assuma as consequências de seus atos positivos ou negativos;
- Seja coerente nas normas conforme a idade;
- Estipule regras para o que é realmente necessário;
- Critique o ato e não a criança;
- Não aceite que saiam de casa sem dizer com quem vão e para onde vão;
- Dialogue e saiba ouvir.
Quando não se dá limites há...
- Descontrole emocional;
- Histeria;
- Ataques de raiva;
- Dificuldade crescente de aceitação de limites;
- Incapacidade de concentração;
- Dificuldade para concluir tarefas;
- Baixo rendimento;
- Distúrbios de conduta, desrespeito aos pais, colegas e autoridades;
- Agressões físicas se contrariado.
Fonte: Limites sem trauma – construindo cidadãos. Tania Zagury. Record, 2011