Dizem que a ocasião faz o ladrão, verdade que vi mas não me atrevi.
Estava aguardando o sinal de trânsito abrir para sair quando vi um rapaz tirando do baú de uma motocicleta um gato, que levou gentilmente até o lote baldio ao lado, deixou o lá e saiu, não hesitei, peguei o celular e ia tirar uma foto, para mostrar aos meus pares, o quanto é errado o abandono de animais; mas neste momento me deu uma luz, e fiquei pensando se eu podia questionar a capacidade da ação daquele indivíduo.
Em minha infância matei passarinhos com o mal fadado bodoque, armei arapuca, lembro-me de quando mudamos de casa, indo para outro estado, de ter deixado um gato, e de nossa vizinha ter dito que cuidaria dele; me peguei na condição de se eu tinha moral para questionar a atitude daquela pessoa, se os erros do meu passado não me condenavam, e usando o capuz da moral me esconderia para poder acusar aquele indivíduo.
Dei a volta na quadra e voltei para buscar o bendito bichano, mas para meu desconforto, ele havia sumido, acredito que tenha se embrenhado e buscado fugir do barulho da rua. Sempre me reporto a esta ocasião e fico me perguntado, será que eu não poderia ter feito mais por ele? Meu desejo é que esteja bem, e em um lar que realmente seja seguro.
Fico me questionando, será que somos sempre certinhos e realmente fazemos nosso melhor para agradar quem está perto?
Paulo Cesar Andrighe - Eu sou um observador, apenas um espectador das coisas do mundo. Apenas analisando os atos e os fatos. Não quero desbravar nada, mas almejo compartilhar. Estou procurando as respostas, entendendo as minhas perguntas e sempre desfrutando daquilo que nosso criador me deu, capacidade de analisar, ser justo, sem ser hipócrita. É apenas uma autocrítica, sem pretensão.