segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Aprendendo a lidar com o mau humor dos filhos

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Não, não é fácil conviver com criança ou adolescente mal-humorado. Trazemos algumas dicas de como contornar essa situação

Quem é mãe e pai já sabe: toda criança tem seus momentos de manha e mau humor. No exercício diário de lidar e equilibrar as possibilidades e os desejos dos pequenos, a oscilação do temperamento é bastante comum, já que eles estão descobrindo o mundo e a, todo tempo, se mostram sujeitos a novas emoções, entre alegrias e frustrações.
"Até os seus 10 anos, a criança ainda não é completamente capaz de nomear o que sente e quem ou o quê causa isso, da mesma maneira que um adulto. Por conta de sua imaturidade psíquica, consegue fazê-lo apenas com os sentimentos mais básicos, como alegria, tristeza e raiva. O comportamento mal-humorado acontece, na maioria das vezes, por causa de um desejo frustrado", explica Thaíz Muñoz, pedagoga especializada em psicopedagogia clínica e institucional do Espaço Terapêutico Entre.
Fases de oscilação de humor
Segundo Thaíz, há naturalmente maior incidência de oscilações do humor durante a infância. Dentro do esperado para cada idade, a turma mirim pode mudar seu estado de humor se as coisas não saírem como desejado, caso estejam cansadas, com fome ou quando têm um desejo frustrado.
bar tender Gabriela Loibl entende bem a situação. “A Francisca sempre foi uma criança bem mal-humorada, introvertida, sem muita vontade de interagir com outras crianças e até hoje, com 14 anos, reluta em ter vontade de ir à escola. Quando era menor, eu insistia para que ela fizesse atividades diversas, exercícios físicos, mas nada parecia satisfazê-la”, lembra-se a mãe.
Gabriela conta que segue sendo difícil convencer a filha a fazer algo diferente. “Mas já senti que a introversão é mais um aspecto forte da personalidade dela mesmo porque, muitas das vezes que consigo levá-la comigo para algum lugar diferente, vejo que ela acaba gostando e se divertindo. Com o tempo, aprendemos a lidar e aceitar o jeito de ser dos nossos filhos”, avalia.
Por isso – e até mesmo para não se preocupar desnecessariamente –, fique de olho nos comportamentos mais comuns de cada fase da infância:
  • Por volta dos 2 anos: "Nessa fase, muitas crianças manifestam rebeldia através das conhecidas birras. Qualquer 'não' é motivo de frustração para elas, que se sentem levadas a expressar sua não aceitação atirando-se ao chão, com gritos, choros etc", explica a psicopedagoga.
  • De 5 e 7 anos: é um período caracterizado por uma mudança de comportamento. Aqui, existem alterações físicas, psíquicas e sociais. O filho experimenta barreiras rumo ao mundo adulto, o que faz com que seu humor seja mais instável.
  • De 7 a 8 anos: "É um período em que eles já expressam com muito mais clareza o que querem, o que pensam e, além disso, o que sentem. Questionarão e repudiarão o que não gostam", diz a especialista.
  • Por volta 8 ou 9 anos: é o momento da rebeldia. Nessa idade, as crianças esperam respostas e que todos seus desejos sejam atendidos na hora e essa postura pode durar até o final da puberdade.
  • A partir dos 10 anos: "A criança que vem se desenvolvendo da maneira esperada passará a dar sentido ao que sente, já atribuindo nomes que diferenciam um sentimento de outro, e já é capaz de se colocar no lugar do outro e antecipar situações", explica Thaíz.

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Quando é preciso se preocupar
Acenda o sinal de alerta se a criança se mostrar frequentemente mal-humorada sem motivo aparente e independentemente do que acontece ao seu redor, pois ela pode estar passando por dificuldades emocionais ou orgânicas.
"Os pais devem preocupar-se caso o filho chegue aos 10 anos e ainda não seja capaz de dar nome àquilo que está sentindo e suas respostas às situações do dia a dia forem sempre apáticas ou negativas. Daí, sim, podemos dizer que está privado de seus sentidos, incapaz psiquicamente de sentir, indicando a presença de uma patologia", observa Thaíz.
É importante que a família fique atenta a indícios fora do comum, tais como:
  • isolamento social,
  • pouca resposta a estímulos verbais e visuais,
  • mudanças bruscas de comportamento,
  • abandono de tarefas pela metade,
  • recusa de alimentos ou compulsão,
  • agressividade,
  • sono inconstante,
  • baixo rendimento escolar,
  • inquietação motora,
  • choro sem motivo e até mesmo sentimentos de depressão,
  • se está sempre triste, infeliz,
  • se está se sentindo culpada.

Uma grande aliada na detecção desses sintomas é a escola. Por isso, mantenha um bom diálogo com os educadores do seu filho. Uma avaliação mais específica deverá ser realizada a partir de uma equipe multidisciplinar com psicólogo, psicopedagogo e psiquiatra que, em conjunto, poderão chegar a um diagnóstico global.

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6 formas práticas de ajudar seu filho
  1. Tenha paciência. Não deixe que o mau humor se estenda. Fale com ele, dê mimos, demonstre que não tem culpa do que tem acontecido e que ele pode contar com você. É preciso ter calma para educar, argumentar e compreender o que está ocorrendo.
  2. Ajude a traduzir emoções. Encare os momentos de mau humor como ocasiões para educar e encontrar opções e superar suas frustrações. Cabe aos pais a tarefa de ajudar seus filhos a aprenderem a conhecer e controlar suas emoções, e mostrá-los que os demais também passam pela mesma situação.
  3. Seja compassiva. Acredite: não ajuda em nada dizer “Melhore essa cara”, “Ponha um sorriso no rosto” ou, então, “Pare de se sentir tão infeliz”. Na verdade, a estratégia oposta de aceitar e dar nome aos sentimentos do filho tem um resultado muito melhor no sentido de ajudar as crianças a melhorarem seu humor a longo prazo. A pedagoga recomenda que sejam utilizadas frases do tipo: "Você não está contente com isso” ou “Você não gosta disso” ou “Você está aborrecido” quando a criança está claramente infeliz. Ela se sentirá reconhecida e acolhida.
  4. Não dê tudo o que seu filho quer. Prover tudo o que a criança deseja em bens materiais não a torna feliz, nem é um boa atitude só para não descontentá-la. Comporte-se normalmente, recusando-se a ceder a intensas exigências.
  5. Compreensão nunca é demais. Entenda que seu filho, na maioria das vezes, não consegue evitar o mau humor, e está sofrendo por sentir-se assim, chegando a pensar que seus pais o odeiam por estar agindo dessa forma. É preciso enxergar que ele pode estar sendo vítima de uma sensação que não pode controlar e necessita de ajuda.
  6. Estimule atividades e brincadeiras. Proponha situações que deem prazer e esteja presente nesses momentos. Sua presença é o que seu filho mais necessita. Pode ser um esforço para a família em algumas situações, mas é muito importante que ele se sinta amado, acolhido e cuidado.

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