Todos nós sentimos dor, seja ela dor física ou na alma. Todos nós estamos sujeitos à dor, não há saída. Ela está presente durante todo o percurso de nossas vidas e vai estar também na vida das próximas gerações; e é exatamente por este motivo, que penso ser pertinente uma simples reflexão acerca disto.
O objetivo deste pequeno texto, é pensar sobre aquele tipo de dor que está no interior de cada um de nós, aquela que chamamos de dor na alma, tendo em mente é claro, que esta abordagem de assunto não é algo tão simples e superficial para se desenvolver, isto se deve também ao fato de que quase ou todos os fenômenos envolvidos com o ser humano, são complexos; porém mediante reflexão e leitura, nos é possível estabelecer uma visão a respeito deste sentimento que habita e influencia nosso cotidiano; então todas as vezes que a palavra dor estiver descrita, se refere somente a este tipo de dor citada acima, da alma.
Em todas as sociedades que se tem registros históricos, desde a antiguidade, passando pela idade média, idade moderna, até os dias de hoje, todos os homens e quando digo homem, me refiro a espécie humana, sentiram dor, mas como podemos saber disto se não estávamos lá? Uma das formas de sabemos disto é que eles agiam de alguma forma para se aliviarem ou até se livrarem da dor, seja em forma de rituais, preces a seres divinos e etc.
Ao vivenciarmos ela, tomamos decisões que muitas vezes tem como objetivo a extinção da mesma, e quando conhecemos alguns dos atos registrados por exemplo, por Martinho Lutero, vemos que ele era mais uma vítima da dor, que quando se isolava e conversava com seu deus, tinha como objetivo dentre outros, o alívio da dor que sentia por conta de sua condição espiritual.
Sentimos dor pela ausência de algo, mas também pela presença de algo que nos incomoda, de uma forma ou de outra, sentiremos dor. O homem tenta de alguma forma se livrar deste sentimento que é causado por situações incômodas em sua vida. Em cada geração, nós temos nossas formas de tentar acabar com ela, ou pelo menos não senti-la; em forma de trabalho, realizações, relacionamentos, conquistas financeiras, religião, espiritualidade e etc...
Usar a religião como forma de escapar da dor existencial é comum desde a antiguidade. A religião como instrumento para este fim, é um dos mais fortes e presentes na sociedade. A dor da perda, a dor de uma situação que não está da forma como imaginávamos, mas também a dor por algo presencial, que não termina, é suportado pela esperança em seu deus, pela esperança de que um dia tudo irá passar, tudo ficará bem, enfim, que a dor passará.
Mas há algo de bom na dor, há algo de benevolente neste duro sentimento; ele nos faz fortes, perseverantes, e quanto mais estamos assim, mais maduro ficamos e lidamos com as situações diárias de dificuldade, com equilíbrio e tranquilidade.
Este texto não é de forma alguma de auto ajuda, mas sim de reflexão, é um olhar para si mesmo e para o outro, para que possamos compreender que todos passamos por momentos de dores e isto não é algo exclusivo de uma pessoa.
Que possamos lidar de forma positiva frente à dor, mesmo sabendo que não é algo tão simples assim. Eu definiria o conteúdo deste pequeno texto como algo que pode causar esperança e amadurecimento para todos os que tiverem contato com estas palavras.
A dor presente causa futura esperança, a dor presente causa futuro amadurecimento. Então além de pensarmos somente no dia em que a dor desaparecerá enfim, pensemos também em quanto de benefício a dor passada já nos causou e como sabemos que ela de uma ou de outra voltará, pensemos no quanto de bom ela ainda irá nos proporcionar num futuro próximo.
Toda essa ideia parece inconcebível; mas pode ser uma boa forma de encarar a dor e a tristeza.
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Daniel Natali
Estudante de História
Universidade Sant'Anna
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